sexta-feira, 27 de julho de 2007

Dedicação e vontade de aprender




Os motoristas Aécio Lino da Guerra e Ivanildo Bispo de Miranda (conhecido pelos amigos como Val) percorreram toda a rota que saiu de Muqui, no Espírito Santo, no dia 24 de maio, e terminou na cidade de Teresina, no Paiuí, no dia 20 de julho. Ao todo, foram 59 dias de circuito, cerca de nove mil quilômetros de estrada e 34 cidades visitadas.

Ambos foram responsáveis também por toda a preparação técnica das exibições que aconteceram nas cidades e, no decorrer do caminho, tiveram a oportunidade de fazer inúmeras amizades e de conhecer novos brasis a cada parada. “Em alguns lugares fomos recebidos como celebridades”, lembra Aécio. “É um resgate do cinema”, complementa Val, concordando que essa longa viagem vai deixar muitas saudades.

Qual a sensação de ter participado de um projeto como este?

Val – É uma sensação maravilhosa. Todos nos olham de outra forma, querendo saber o que vai acontecer, perguntando sobre os vídeos que vão passar. Levar cinema a quem nunca teve a oportunidade de ir ao cinema é muito gratificante. Já paga todo o nosso trabalho.

Aécio – É muito bom, principalmente porque levamos o cinema a cidades que nunca tiveram. A reação das pessoas é gratificante.

O que mais chamou a atenção na passagem pelas cidades?


Val – As crianças. Elas sempre querem ajudar e até participar do filme. Quando o fotógrafo tira as fotos, elas acham que vai passar na tela.

Aécio – As pessoas. Elas estão sempre curiosas, perguntam o que é aquiloquando vêem o caminhão chegar à idade. E quando a tela começa a ser montada, pensam que é algum tipo de show, até verem a estrutura d cinema pronta.

Qual a receptividade das pessoas na chegada do Circuito às cidades? E na hora da exibição?


Val – As pessoas agradecem, ficam admiradas. Alguns ficam curiosos durante a exibição, entram na cabine de projeção, fazendo perguntas. Nas cidades pequenas, há uma vontade muito grande de aprender, até maior que nas capitais, que têm cinema ao alcance, com mais facilidade. O projeto é um resgate do cinema, principalmente no interior.

Aécio – São todos muito receptivos: ajudam, abrem a casa para oferecer um café. Somos recebidos como celebridades. Já na hora da exibição, as pessoas querem saber como o equipamento funciona, como aquele facho de luz que sai do caminhão produz as imagens na tela. Quando vêem alguém conhecido no vídeo, aplaudem ou ficam chamando pela pessoa.

Contem um “causo” interessante que presenciaram durante o percurso.


Aécio – Em uma das paradas que fizemos, na cidade de Souza (BA), conhecemos um senhor que nos abordou no caminhão, querendo saber o que fazíamos ali. Quando respondemos que era um circuito de cinema, ele se espantou, perguntando se “ainda havia cinema”. Nós o convidamos a entrar na sala de projeção do caminhão, para ver a aparelhagem, e até oferecemos carona até a cidade onde seria feita a próxima exibição, mas ele acabou desistindo.


Fotos: Ratão Diniz/Imagens do Povo

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